sábado, 22 de setembro de 2012

1,2,3,4,5,6...


      7,8,9,10... Era mais um domingo a tarde. Muitas pessoas daquela casa estavam dormindo, as outras estavam se preparando para o jogo Corinthians e Vasco que haveria aquela tarde.
      Menos duas pequenas crianças, uma de 2 anos, e outra de 4 que mostravam a todos suas grandes habilidades matemáticas: 11,12,13,14,15. Ninguém estava dando a mínima para eles, estavam apenas esperando o final da contagem para dizer "muito bem!" ou alguma outra coisa do gênero: 16,17,18,19,20! "muito bem!" disseram todos os presentes na casa.
      -Eu também sei contar!
      Retruca a criança mais nova com um pingo de ciúme em sua voz fina e mal definida.
      -1,2,3,4,5...
       Então a criança cheia de orgulho repete a sequência de forma impecável, pelo menos era o que todos pensavam.
      -17,18,19, dizedez!!!
      Ao final da contagem todos aplaudiram, e repetiram a mesma frase "muito bem!", provavelmente pela falta de atenção que todos tinham, ninguém deve ter percebido nada. Mas por outro lado a outra criança revoltadíssima com a contagem grita:
      -Não é dizedez, é vinte!
      E a partir daí se desencadeia uma profunda discussão.
      -É sim!
      -Não é não!
      -É sim!
      -Não é não!
      Não havia dúvidas que aquela discussão ía longe. Mas então aquele caloroso debate é interrompido por uma frase:
      -Está na hora de ir embora!
      Com mãe não se discute, aquela criança suada, rechonchuda de voz fina e mal definida foi embora, causando assim, uma enorme decepção para a outra criança que defendia tão fortemente a idéia de que depois do dezenove, havia vinte.